O significado do Alimento nas Relações Familiares

               É comum a cena onde pais que resolvem sair tenham que lidar com o filho aos berros, implorando que fiquem, que não o deixe sozinho (nem sempre fica sozinho!). Para alívio da culpa vivenciada com esta cena “dramática” , prometem chocolates, balas, doces ou irem ao “fast-food” favorito da criança, logo no dia seguinte.

               Estes pais embora sentindo-se “aliviados”, não estão conscientes dos prejuízos que este tipo de recompensa cria – uma associação perigosa! FRUSTRAÇÃO = COMIDA = SATISFAÇÃO , esquecendo-se que o resultado dessa equação poderá ser OBESIDADE, com sérios conflitos emocionais, e levarão pela vida a fora este paradigma como solução para suas frustrações.

               A partir destas introjeções, as falhas da criança em reconhecer e diferenciar os seus estados e necessidades corporais, estão relacionadas, basicamente com os seus aspectos de aprendizagem sobre a conduta alimentar, desde as exigências precoces, sobretudo com a mãe. Esta por ser possessiva no seu afeto, pode usar a criança para preencher suas frustrações ou o vazio interno de suas próprias alienações emocionais.

               Portanto, diante deste comum quadro familiar, é de suma importância a intervenção psicológica para que haja a sensibilização familiar e promover as modificações emergentes dos conceitos até então estabelecidos. A obesidade aparece como uma das doenças mais frustrantes que o médico é chamado a tratar. Se tratando de crianças, a tarefa é ainda mais difícil que com os adultos. Quando o tratamento acontece no início da puberdade, a possibilidade de resultados positivos se eleva. Este sucesso do tratamento não está relacionado à idade quanto a maturidade. Para atingir o sucesso no tratamento, o paciente deve ter conseguido um grau de maturidade que o faça perceber que a privação ao alimento seja mais que compensada pelos benefícios, sociais, fisicos e psicológicos. As crianças não tem o grau de maturidade suficiente para trocar um gostoso sorvete, pelas recompensas intangíveis, tais como o respeito dos amigos. já na adolescência, esta situação se altera gradualmente pela necessidade de aceitação social.

               Os aspectos comportamentais da alimentação são de grande importância, já que somos condicionados pelo nosso ambiente.                              Portanto, para obtermos êxito, precisamos mudar o ambiente ou enfrentá-lo. Um aspecto importante do controle alimentar, é o encorajamento dos outros membros da família, adquirindo novos hábitos alimentares (mais saudáveis) e assim toda a família sairá beneficiada, e o paciente em tratamento terá resultados positivos. Se pensando nas crianças, este é o melhor caminho para incentivá-las às mudanças alimentares necessárias, já que a família como modelo, nada melhor do que encontrar nela o apoio que tanto necessita para êxito no tratamento. E com certeza TERÁ!

               Sempre que escrevo um artigo sobre obesidade, não percebo como fazê-lo, que não seja visualizando um “Bebê Gorducho” e uma “Mãe Feliz”, exibindo seu rebento com orgulho. Há famílias que para negar os problemas trazidos pela obesidade criam desculpas como: “Ele é forte, não é Gordo”, “o tipo dela é assim mesmo… desde que nasceu é Gordinha!” “Quem é o melhor tem que ser o maior…”, “Ele ja usa roupa de homem!…” . Voltando desta rápida viagem, me deparo com um ser a minha frente, que busca ajuda e compreensão para sua angústia por ser “DIFERENTE”, sentindo-se alienado socialmente e emocionalmente, depositando no profissional todo o seu desejo de ser “FELIZ” , – “Quando eu deixar de Ser Gordo!…” farei isto, farei aquilo…. e assim por diante. A obesidade tornou-se um problema de saúde pública da maior importância. A incidência atual da obesidade infantil está relacionada ao histórico familiar de obesidade, hábitos alimentares inadequados e componentes psicológicos que necessitam ser trabalhados. A impressão de que os lactentes perderão a obesidade com a idade é comum, os pais muitas vezes citam outros membros da família como exemplo de recém nascido que era gorducho, e não se tornou adulto obeso.

               A obesidade na infância tem sérias implicações comportamentais, sociológicos e psicológicos, fatos que os pais devem considerar uma atitude de “Espere e Veja” – não é inteligente para os bebês que estão sob o risco de desenvolver obesidade. A obesidade na adolescência aparece quando os adolescentes são incapazes de dominar as tarefas normais de desenvolvimento de sua idade; e quando se chovam com o bloqueio de sua masturbação, muitas vezes regridem para o mecanismo de autodefesas, alimentando-se em excesso para compensar. O preço é “terrivel”, contudo, pois sua obesidade está alí para ser vista por todos, e constitui um novo impedimento à obtenção do que ele realmente deseja e precisa da vida. A cura tornou-se pior que a doença. O aspecto amorfo que acompanha a obesidade (parecer um bebê grandão) serve a muitos propósitos para o adolescente. O mais importante destes é avaliar as pressões da biologia interna do adolescente e aquelas do mundo exterior, as quais exigem adaptação, de crescimento e desenvolvimento. Embora os adolescentes que se sentem infelizes possam racionalizar, pensando que comem para se tornarem grandes, não percebem que acabam escolhendo uma solução regressiva para lidar com os impulsos sexuais e agressivos. Eles se surpreenderiam se alguém lhes dissesse que sua atração fisica reduzida colabora para isolá-los. Sua pouca atração sexual paralisa o desenvolvimento sexual, e os aproxima cada vez mais intimamente com a mãe, que propicia o alimento. Nesses termos, isto acaba levando a uma dependência constante ao ailmento como um os meios de gratificação. Como os adolescentes comem em casa, o processo natural de separação e de individualização é prejudicado; como os adolescentes obesos tendem a afastar-se dos seus amigos, isto fortalece ainda mais suas ligações com o núcleo familiar. A situação se torna critica!

               Embora a gênese deste problema possa ser puramente metabólica, a maior parte das vezes existe um padrão delicadamente entrelaçado de fatores psicológicos, fisiológicos, endócrinos, de aprendizagem condicionada e interpessoais que provocou a obesidade. O adulto que deseja perder peso deverá lidar com uma reemergência de todos os sentimentos tumultuados do período de adolescência que ele sepultou no tecido adiposo e no corpo. Daí a atitude: “Enquanto eu me mantiver gordo, não terei que mexer com o material emocional reprimido na adolescência. Sobre quem iria jogar meus problemas se eu não fosse gordo?”

               Vemos que a obsessão com a obesidade e a circularidade que existe no modo como muitas pessoas lidam com o problema tem muito êxito em afastar o mecanismo percentual do paciente do trato com os problemas “reais”. Primeiro eu preciso emagrecer, depois…”

               Vejo com minha experiência clínica atendendo adolescentes / adultos obesos, que o tratamento de escolha é a terapia a longo prazo, acompanhamento endócrino e estimular alguma atividade física que mais o agrade.

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