ALCOOLISMO – SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA – SINTOMAS
Este artigo pretende oferecer algumas explicações simples sobre o costume de beber e ajudar a identificar situações onde já há uma dependência do álcool. O dependente do álcool tende a negar a dependência, como uma forma de se auto-afirmar, e usa argumentos para isto, como dizer “eu posso para quando quiser”. Este artigo poderá dar um pequeno auxílio para a família ou amigos e colegas de trabalho a identificar a dependência e conscientizar o Dependente Químico (DQ). A conscientização da dependência é o passo mais importante para um início de tratamento. A consulta a um profissional especializado, psicólogo ou psiquiatra é sempre indicada e necessária.
Estreitamento do repertório de beber
No começo, a pessoa bebe com uma certa variabilidade. À medida que fica mais dependente, começa a beber todos os dias, a maior parte das vezes à noite. Também é comum que numa fase inicial prefira beber fermentados como cerveja ou vinho. Posteriormente passa a ingerir destilados (vodka, whisky…) em menores quantidades, mas aumentando gradativamente. Mais avançadamente passa a beber todo tipo de bebidas, mas com preferência pelas bebidas destiladas. Progressivamente, mesmo o padrão de beber durante o dia começa a mudar, pois passa a beber também no horário do almoço. Quando a dependência chega ao clímax, bebe logo ao acordar e continua bebendo mais ou menos a cada hora do dia. Portanto, o beber perdeu a sua flexibilidade. Em festas tende a demorar mais do que os demais a sair. Alguns ficam amigos dos garçons. Outros costumam dar gorjetas aos garçons (com características de suborno) com a finalidade de não faltar bebida.
Saliência do comportamento de busca do álcool
O indivíduo tenta dar prioridade ao ato de beber ao longo do dia, mesmo nas situações socialmente inaceitáveis (por exemplo, no trabalho, quando está doente, dirigindo veículos, etc.).
Aumento da tolerância ao álcool
Aumento da dose para obter o mesmo efeito ou capacidade de executar tarefas, mesmo com altas concentrações sanguíneas de álcool. O alcoolismo normalmente começa com o consumo de bebidas fermentadas como cerveja ou vinho. Depois passa para destilados como caipirinha, aguardentes em geral, vodkas, whiskies. Posteriormente deixa de existir, na maioria dos casos, uma preferência e a pessoa aceita qualquer tipo de bebida. Em muitos casos o D.Q. (dependente químico) bebe álcool puro, perfumes e até desodorantes.
Inicialmente bebia regularmente uma quantidade pequena. Esta vai aumentando e é comum alguns beberem 1 l de destilado por dia. Mas é bom saber que a quantidade tem pouca importância para se estabelecer a gravidade do caso.
Também inicialmente a bebida é consumida à noite, em finais de semana e em ocasiões apropriadas como festas ou saídas noturnas. Depois torna-se diária e seu consumo passa a ser a qualquer hora incluindo as horas do dia. Toda e qualquer hora é considerada adequada pelo D.Q. nesta fase.
Sintomas repetidos de abstinência
Os sintomas de abstinência mais mercantes, como tremor intenso e alucinações, só ocorrem nas fases mais severas da dependência. No início, esses sintomas são leves, intermitentes e causam muito pouca incapacitação. Sintomas de ansiedade, insônia e irritabilidade podem não ser atribuídos ao uso de álcool. Três grupos de sintomas podem ser identificados: físicos (tremores, náusea, vômitos, sudorese, cefaléia, cãimbras, tontura); afetivos (irritabilidade, ansiedade, fraqueza, inquietação, depressão); percepção (pesadelos, ilusões, alucinações visuais, auditivas ou tácteis)
Aliviar ou evitar os sintomas de abstinência
Este é um sintoma que, nas fases mais severas de dependência, fica muito claro, e a pessoa bebe pela manhã para sentir-se melhor. É comum ouvir dos dependentes químicos que o álcool faz bem já que ao beber logo cedo ele passa o dia muito melhor. Ele já não reconhece que perdeu a capacidade de escolher a hora de beber e que o álcool está impondo-se sobre ele. Mas estes sintomas também estão presentes nas fases mais iniciais, quando sua identificação necessita de um pouco mais de cuidado. A pessoa pode sentir uma melhora do nível de ansiedade e não atribuir isso à abstinência. Um profissional deve ser consultado. As instituições voltadas para Alcoólicos Anônimos são geralmente ótimas e podem ser procuradas com segurança.
Sensação subjetiva da necessidade de beber
Existe uma pressão subjetiva para beber. Esse sintoma foi atribuído no passado à compulsão. Atualmente, considera-se como uma tendência psicológica para buscar alívio dos sintomas de abstinência. A compulsão está presente e é o diagnóstico principal desde o início do alcoolismo, mas outras causa se somam.
Reinstalação da síndrome após abstinência
Após um período de abstinência, que pode ser de dias ou meses, assim que a pessoa volta a beber passa em curto espaço de tempo, a manter o mesmo padrão anterior de dependência. Isto quer dizer volta a beber a mesma quantidade anterior, frequentar os mesmos lugares com os mesmos colegas e a mentir sobre o consumo do álcool como mentia antes.
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