Quantos amantes se deve ter?

              Quantas mulheres um homem deve ter ao mesmo tempo? A pergunta pode parecer absurda, mas talvez será mais absurda ainda se for: “quantos homens uma mulher deve ter ao mesmo tempo?”.

               Sem hipocrisia, sabemos que a maioria das pessoas tem, tiveram ou terão um caso secreto. Pelo menos será secreto para seu cônjuge, pois outros sempre ficam sabendo.

            Seria parcial, tendencioso, dizer que homens traem mais que mulheres. As mulheres não traem mais do que os homens também. Homem trai com outra mulher. Mulher trai com outro homem. Logo, o número de homens e de mulheres envolvidos em traições conjugais é o mesmo.

               Não é função do psicoterapêuta fomentar ou exercer a repressão, preocupamo-nos com a felicidade e sabemos que a aproximação do terceiro (sempre que me referir a “terceiro” ou a “o outro”, estarei falando da pessoa que se introduz como amante na vida do casal, tanto para o homem como para a mulher), traz ânimo, vida e alegria ao casal. São poucas as vêzes em o cônjuge sai do casamento e fica com o terceiro. As pessoas sabem disto e ao iniciarem um relacionamento com alguém comprometido reconhecem e respeitam os limites e em muitos casos até preferem estes limites. “Pessoas comprometidas exigem menos e oferecem mais“, dizem.

               Não é função do psicoterapêuta incentivar a procura de terceiros para melhorar a relação conjugal. Psicólogos jamais fazem isto. Porém observamos que todas as pessoas procuram no novo algo que lhes completem. Somos seres incompletos e buscamos no mundo externo a possibilidade de nos completarmos. Existe em todos nós uma força, que poderia ser chamada de libido, de energia, de vontade ou de desejo, etc, que nos movimenta rumo à plenitude. Buscamos desafios, buscamos conquistas. Buscamos por buscar. Conquistamos por conquistar. E tão logo a conquista seja feita, reencontramo-nos com nossa incompletitude. Nosso vazio volta a nos atormentar e novamente buscamos a nova conquista. Fazemos disto um trabalho interminável que só encontra seu fim quando chega a morte, a paralisia definitiva, lugar onde não existem mais desejos. É a morte a única situação de plenitude, de completitude, de satisfação. É a morte a única condição em que nada mais se deseja. É bom lembrarem-se disto enquanto estiverem lendo o restante do texto. Os religiosos acreditam que aí não é o fim.  E se tiver a realização plena, não haverá mais buscas. Reconheço portanto, na busca de terceiros um movimento humano inevitável e sem hipocrisia é melhor dizer que o outro faz parte da vida conjugal, ainda que só imaginariamente.

Amantes Custam Pouco (e aparentam dar o melhor de si)

               Os amantes só surgem quando a união conjugal não é boa (?). Talvez esta afirmativa seja falsa, mas serve de pretexto, de justificativa para o que trai e para alimentar a culpa do traído. O melhor relacionamento do mundo não é completo e a suposição de que seu par é responsável pelas suas carências leva sem culpa a buscar o terceiro. O terceiro surge do desejo de felicidade e não das falhas do par. É melhor dizer no plural “os terceiros”, pois sempre se descobre que amantes também não satisfazem. Pessoas que tiveram várias experiências com amantes descobriram que há um tempo em que o terceiro é bom e depois a satisfação passa a ser muito igual ao cônjuge. Neste momento as vezes trocam de amante até que se sinta insatisfeito novamente. Muitas pessoas se queixam de desconfiança de que seu terceiro tem outro. Isto implica que amantes são sempre de curta duração ao longo da vida e em cada encontro. Se se viver meses seguidos, diariamente com o terceiro talvez não haverá prazer. Quando os encontros são de breve duração e duram pouco tempo na vida, a sensação de satisfação tende a ser mais real. Se descobre-se a insatisfação pensa-se que deve-se trocar de amante para que com o novo o relacionamento tenha sentido e atinja o objetivo.  De tal forma que estas buscas ocorrem mais ou menos assim:

               Amantes têm o que falta no cônjuge. Alegria é buscada no amante. O terceiro deve ser alguém de bom humor, que consiga sempre ver o lado bom de tudo, mesmo que para isto seja necessário esforço sobre-humano, nunca querendo dar uma dose de realidade ao que se queixa. O terceiro não acusa, sempre reconhece a razão de seu amado. O clima oferecido pelo terceiro é sempre positivo, de encorajamento, de reconhecimento, de valorização e de apoio. Por exemplo, um homem adora as roupas, as maquiagens, as gargalhadas, os decotes e as decisões de sua amante. Ela sente-se aprovada, valorizada, amada por ele. Porém (talvez) ele condenaria as mesmas coisas em sua esposa. Nela a roupa não ficaria bem, o decote é muito indecente, as gargalhadas são escandalosas e as decisões são egoístas e contra ele. É exatamente isto que ela lhe diz que seu marido pensa (notou que é o mesmo que ele pensaria de sua esposa?) Amantes são alegres, vêm o lado bom, apoiam e valorizam, mesmo sem perceberem a falta de sinceridade.

               Os custos de vida são absurdos. Meu avô já dizia isto. A história mostra que sempre foi assim. Ter casa, filhos, implica em gastar muito dinheiro. A quantidade de compromissos do casal é desgastante. Pagar escola, roupas, remédios, alimentação, saude, transportes, férias, passeios, deixa qualquer pessoa, mesmo rica, transtornada. Ter esposa, ter cônjuge, leva a todos estes gastos intermináveis. Em pouco tempo o par é acusado dos gastos. A mulher acha que o homem ganha pouco e ele acha que ela gasta muito. Ambos estão equivocados, lembrem do que escrevi acima, que estamos sempre buscando novas conquistas, logo estamos sempre precisando de mais dinheiro, pois o dinheiro é o representante concreto da energia necessária para a realização de desejos. Mulheres procuram trabalhar, inconscientemente (mas algumas vezes conscientes) para se livrar da dependência da energia do seu par e das acusações de ser perdulária, gastar excessivamente. Mesmo que acabem se dando mal, com dupla jornada e com baixos salários. (Salários são sempre baixos – sempre encontraremos menos do que o necessário para a realização plena). Em pouco tempo devolvem ao seu acusador as mesmas acusações. Este é o ponto: terceiros, outros ou amantes, sempre custam menos. Investe-se menos energia e não há despesas escolares, de moradia e etc. Apenas gostosos e esporádicos passeios, gostosos e esporádicos presentes. Não há grandes compromissos financeiros e cabem dentro do orçamento sem queixas. Amantes gastam menos, custam menos, por isto a relação custo-benefício parece ser positiva.

              Não existem amantes sem sexo. Embora eu já tenha ouvido de muitos cônjuges a notícia de que seu par teve um envolvimento não sexual com terceiros. Isto é sempre delicado tanto de acreditar como de duvidar. Mas o motivo principal para se ter um terceiro é a realização de desejos e o desejo sexual anda em primeiro lugar, nestes casos.

               A descoberta sexual tem duração limitada. Depois de algum tempo não se tem nada a descobrir de novo. O corpo e o comportamento sexual do parceiro são amplamente conhecidos e a preguiça muitas vezes é o sentimento mais presente quando se pensa em sexo. Parece a cada um do par que é necessário incrementar, buscar situações novas, lugares novos, jeitos novos, posições novas, para que o sexo seja bom. Cada um reconhece que a novidade alimenta sua vida sexual. Mulheres se especializam em lingeries, e em outras roupas novas. Homens se especializam em restaurantes e motéis, que são lugares novos. Muitos casais trazem para sua realidade a realização de fantasias, novo cenário, nova história para sua vida sexual.

Se você leu atentamente o parágrafo acima percebeu o quanto o novo é procurado por cada um do par para alimentar, esquentar e adicionar prazer à sua vida sexual.

Porém não pense que estas sejam idéias do profissional, são relatos dos inúmeros casos atendidos ao longo de muito anos.  O que vem abaixo também:

               Ora, o terceiro é inteiramente novo. Frequenta lugares diferentes, então são novos. Faz sexo diferente, então é novo. Se veste diferente, usa perfume diferente, fala assuntos diferentes, tem olhares diferentes. O terceiro é a novidade concreta. É tão novo, tão cheio de descobertas a se realizarem que mantém desejo e disponibilidade sempre presentes. O terceiro acaba com a preguiça e estimula o sexo, até com o cônjuge. É normal desconfiar que o cônjuge tem terceiro quando ele está bom demais. Principalmente as mulheres pensam assim. Sendo assim é normal que a frequência sexual, assim como a intensidade e a satisfação sejam muito melhores com o terceiro. Algumas pessoas decepcionam-se e se afastam do amante quando ele é inferior ao seu par. Amante que não oferece o implemento sexual é imediatamente deixado, abandonado. Todo amante sabe que o sexo é de suas maiores qualidades. Amantes estão sempre disponíveis e na maior parte das vêzes em que se encontram já planejaram ansiosamente a “ida para a cama”.

               Em 90% das vezes (sem medida exata) a pessoa traída perdoa o traidor e se auto acusa da traição. Embora tenha jurado a vida toda que se descobrisse algo, abandonaria o cônjuge imediatamente. Isto as vezes alimenta a vontade de correr o risco da descoberta. O traidor conta com o perdão e quase sempre se sai bem. Ou seja, consegue-se a mais nobre atitude do cônjuge ao se cometer a mais baixa atitude. É como se a traição reforçasse a nobreza. O traído sente-se superior ao perdoar.

               Outros 10% (sem medida exata) se dão mal, são abandonandos, mortos ou vítimas de vingança, quase sempre merecida. O arrependimento é terapêutico e muitas dessas pessoas amadurecem positivamente ao colherem os resultados, maus ou bons. Outras são irremediáveis, são más pessoas para o convívio grupal e fazem mal a si mesmas também, tornando-se eternas infelizes.

               Ter amante é uma boa forma de ter alguém disponível para os bons momentos e para o sexo, positivo, econômico, alegre, bem-humorado e que pode ser descartado quando apresentar problemas. Ter amante é uma das formas encontradas pela maioria das pessoas para temperar o casamento.

               Nem todas as pessoas buscam na relação afetiva-sexual as suas conquistas, seu complemento. Muitas buscam no trabalho, na arte, no auto-desenvolvimento, nas reflexões sobre tudo, nas adaptações, na dedicação ao outro sem egoísmo, no reconhecimento das qualidades ao invés das críticas às “falhas”, nas dependências químicas, nos jogos, na criminalidade, na filosofia, na religião, no orgulho de ser responsável pela família, na luta social e em outras conquistas, o meio de satisfazerem-se e lidarem com suas “faltas”, suas “carências”, etc.

               Com todas as reflexões que fizemos, esperamos que o leitor tenha mais clareza de o que é melhor fazer diante das insatisfações conjugais, ao invés de se deixar levar por ondas socias ou tecnológicas.

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